segunda-feira, 13 de junho de 2011

Solidariedade, na guerra ou na paz

Por Érico Veríssimo - Acadêmico de Jornalismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e metido a blogueiro de vez em quando

Texto publicado originalmente no Blog: http://blogdoericoverissimo.wordpress.com


Érico Veríssimo
Enquanto a enchente do Rio Branco deixa pelo caminho destruição e tristes lembranças para milhares de pessoas, praticamente em todo o Estado, outras tantas visitam as áreas alagadas, tornando-se praticantes de uma nova espécie de “turismo”, o de tragédias. Os “turistas” chegam munidos de máquinas fotográficas, geralmente em grupos, e começam a registrar o “momento histórico”. Tudo muito próximo a casas submersas e moradores desabrigados que utilizam agora, como único meio de transporte, canoas para se locomover.

Há os que se esquecem da dor alheia e há os que se compadecem e ajudam, mesmo que não tenham condições. Colocam o bem-estar do próximo acima de qualquer vaidade. Estão à frente de campanhas de solidariedade, arrecadando alimentos e roupas para os desabrigados, doando dinheiro, ou simplesmente, um pouco de atenção a quem precisa em momentos como este, sem querer nada em troca. Essas pessoas não esperam pela iniciativa pública e fazem aquilo que está ao seu alcance, ou vão além dos próprios limites.

Como afirmei em um texto anterior (A conversa fiada sobre desastres naturais) e é sabido de todos, na carona da tragédia alheia há os que aproveitam para auferir vantagens econômicas e, principalmente, políticas. Organizam-se em grupos, comissões, gabinetes disso e daquilo, para mostrar que estão fazendo o que habitualmente não fazem: trabalhar. Sem contar a “premente” necessidade de visitar a base eleitoral para ver o “problema” mais de perto e assim levar a “ajuda” necessária.

Por que as vítimas da enchente não são assistidas quando deveriam sê-lo? Por que não há um esforço político concentrado para estudar a situação das pessoas que estão em área de risco e tomar providências antes que tragédias aconteçam? Será que esse atraso se deve às “discussões mais urgentes” que acontecem nas nossas casas legislativas e nos bastidores dos poderes executivos, que deixam de lado o interesse público e priorizam interesses escusos?

Seria de bom alvitre que, em tempos de “paz”, não nos esquecêssemos dos menos favorecidos e olhássemos para eles com o mesmo interesse de agora. A “guerra” de hoje também é um convite à reflexão para que, em tempos eleitorais e em momentos de decisão de tamanha importância, não nos rendamos às falsas promessas de quem não tem nenhum compromisso com o bem-estar daqueles que estão à margem da sociedade, tornando-se alvos fáceis das tragédias. O único valor que lhes atribuem é quando se negocia a compra de votos.

Além das questões político-partidárias, ainda somos convidados a refletir sobre o nosso relacionamento com a Natureza, a maneira como descartamos o lixo que produzimos, onde são construídas as nossas casas e o impacto que causamos ao meio-ambiente quando desrespeitamos regras básicas de convivência. Culpá-la por acontecimentos desastrosos e esquecer os maus-tratos que a ela dispensamos apenas ajudam a camuflar a nossa incompetência e falta de planejamento e constatar que, uma vez agredida, mais cedo ou mais tarde ela se “vingará”.

Nenhum comentário: