segunda-feira, 23 de maio de 2011

NEM ÍNDIO NEM BRANCO - ARTE E CULTURA BRASIL RORAIMA


Por Hudson Romério, Gestor Público Cultural - hudsonromerio@gmail.com

Fazer cultura e arte é transformar o ordinário em extraordinário.
 
Isto é o que faz o povo brasileiro com sua surpreendente criatividade ao armar estratégias de sobrevivência da maloca à senzala, da tapera a favela.
 
Tudo que produzimos é uma referencia de transcrição da cultura popular, quando partindo das ferramentas dos orixás africanos, dos xamãs indígenas, cria-se uma sofisticada e construtiva caligrafia simbólica, ao mesmo tempo, brasileiroraimense  universal.
 
A frágil fronteira entre o que é arte popular e o que é arte erudita, é rompida por novos elementos inusitados de nossa cultura, a cultura macuxi, onde toda nossa identidade é simples e transparente. Na efervescência cultural dos anos 80 surgiu o movimento “Roraimeira” que é o nome do movimento mais revolucionário e transgressivo da cultura roraimense.
 
Agora não defendemos mais uma identidade cultural regional, queremos uma “ENTIDADE UNIVERSAL BRASILEIRA” como sugeriu Mário de Andrade na década de 40.
 
Desde então, vários artistas locais assumiram esta entidade como forma de ver e compreender a poética do mundo a partir da precária realidade do nosso Estado (até então, território federal). Poderia então, se falar que muitos artistas se valeram de uma “estética da precariedade” usada com sofisticação e sensível inteligência construtiva, inspirada inclusive, na herança cultural do índio e do negro, e transcriada pelo ser caboclo: um brasileiro singular e plural!
 
O resultado é uma arte de transfiguração da rude realidade roraimense que dialoga sem fronteiras numa região também ameríndias, queira ou não queira, rompendo todas as estruturas sociais e culturais de nossa alienada elite econômica e intelectual.
 
Roraima teve ainda a maravilha e o privilégio de mesclar-se com migrantes de vários estados e nações vizinhas, donos de uma cultura de raiz milenar, ao cruzarem com pesar e dor a floresta amazônica, trazem a força e a magia da arte de seus deuses e ancestrais. 

Sobre esta diáspora de povo e etnias Eliakim Araújo versou:

Esta é uma pequena amostra de milagres de fé e de várias culturas que se intercomunicaram para formar a consciência da nação roraimense. Ela é formada por seres humanos, que há milênios, usam uma sofisticada tecnologia a serviço da identidade social. Estamos a urdir a textura cultural de uma rica vida simbólica que se aviva a cada ano e ainda surpreende e emociona pelos inusitados diálogos interculturais.

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