terça-feira, 19 de julho de 2011

O Astro e os 60 anos da telenovela no Brasil


Por Fábio Dias, acadêmico de Jornalismo da Univerisade Federal Fluminense. Mesmo de longe as postagens dele estarão entre nós - fabiodacar@gmail.com



No primeiro post desta coluna citei rapidamente a indústria brasileira de novelas e como a programação da nossa televisão é dominada por essas produções, em comparação aos seriados e a televisão americana. Aqui no Brasil, dependendo do canal, podemos encontrar até seis telenovelas diárias – caso da Rede Globo. Isso ilustra muito bem como a população do nosso país gosta desse tipo de programa e como os canais brasileiros priorizam essa produção. As novelas não criam apenas histórias, mas interferem na moda, nos costumes, no modo de falar e geram boas discussões na sociedade.

O Clone, sucesso nacional que já foi vendido para mais de 90 países. Na montagem, Jade e sua pulseira que virou moda no Brasil; Dona Jura, famosa pelo bordão "Né brinquedo não!"; e Mel, que gerou discussões sobre Drogas e apoio familiar. A novela é reprisada no "Vale a pena ver de novo".

Em 2011 a televisão brasileira comemora os 60 anos de telenovelas, mas não se engane, foi o tempo em que as novelas movimentavam multidões. Hoje, a tevê compete com outras fontes de entretenimento e diversão, o que tem intensificado a queda da audiência, principalmente na transmissão gratuita. O desafio dessa jovem senhora é trazer de volta aqueles que perderam o interesse por ela e conquistar uma nova geração - acostumada com a internet e suas facilidades. Mas tudo indica que esse será um longo e difícil caminho à percorrer.

Rodrigo Lombardi, como o trambiqueiro Herculano Quintanilha, em "O Astro"

O Astro inaugura um novo formato de novela

Apresentado como “a sua novela das 11”, “O Astro” marca não apenas um novo horário de novelas na tevê, mas também faz parte de uma homenagem aos 60 anos da telenovela brasileira, criada em Dezembro de 1951.


Remake do sucesso da década de 1970, "O Astro" poderia ser apenas mais uma nova versão de uma novela com um horário incomum, mas basta parar para analisar e descobrir que o programa se trata de uma experiência que pode ditar o rumo das produções nacionais daqui para frente.


De olho na audiência, a Globo implantou há pouco tempo um sistema de temporadas em grande parte de sua programação. Os programas ganharam tempo determinado (alguns reduzidos) e intervalos programados. As novelas foram as únicas que permaneceram intocadas nessa mudança.


Com o “Astro” a Globo começa a investir em novelas de tempo reduzido, não tão prolongadas como as das 9 que chegam a durar 7 meses, nem tão reduzidas como as séries de poucos capítulos. O Astro inicia o período das macroséries.

Logo de O Astro | Novela? Seriado? Não. Uma macrosérie.

Não é exibida todos os dias durante meses à fio, como as novelas. Não tem período curto na tela como as miniséries. Tampouco tem planos de temporadas como as séries regulares. O remake de “O astro” contará com cerca de metade dos capítulos do original. O que deve trazer uma agilidade maior na trama – agilidade essa tão escassa nas novelas de hoje.

A trama narra a história de Herculano Quintanilha, traído pelo melhor amigo, o protagonista acaba pagando sozinho pelo roubo do dinheiro para a reforma da igreja de Bom Jesus do Rio Claro. Na prisão, Herculano conhece Ferragus, com quem aprende truques de magia e esoterismo. Ao sair da cadeia, Herculano passa a se apresentar como o ilusionista "Professor Astro" e vai em busca de vingança.

Quem matou Salomão Ayala? | Diretor de 'O Astro' de 1977,
Daniel filho volta como o odiado empresário na nova versão.

‘O Astro’ terá como principal concorrente “A Fazenda  4” da Record, que é sucesso entre a população e costuma gerar muitos comentários nas ruas. Mas comentários e especulações não faltarão na produção da Globo, que aposta no mistério “Quem matou Salomão Ayalla” para tornar sua trama popular. Segundo a produção, a resposta para a grande pergunta será outra desta vez. Um novo personagem será o assassino do odiado empresário.

Resta saber se a nova versão fará tanto sucesso como a primeira. Com tantas opções de entretenimento, fica difícil descobrir se o grande público estará disposto a acompanhar uma produção em um horário tão avançado.

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