segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O que eles falaram sobre o IV TomaRRock: Humberto Finatti




O ROCK ROLOU EM BOA VISTA, NO FESTIVAL TOMARROCK


Texto postado originalmente em: http://www.zapnroll.com.br/


A quarta edição do festival Tomarrock agitou Boa Vista, capital do longínquo e queeeeente Estado de Roraima (no extremo Norte brasileiro, pra você que fugiu da aula de geografia nos ensinos fundamental e médio, Mané!), no último finde. E o portal Dynamite e o blog zapper estiveram por lá, acompanhando tudo de muuuuuito perto, graças ao apoio da turma brava do coletivo Canoa Cultural, que organizou o evento. Na verdade o Tomarrock – como todo evento cultural que se preza, atualmente – foi bem mais que apenas um festival dedicado a mostrar os novos talentos (alguns, nem tão talentosos assim) da cena musical independente roraimense e amazonense. Antes do festival em sim, houve uma intensa programação durante toda a semana passada, com palestras, debates etc. E dentro desta programação extra musical, uma das mais bacanas foi o debate ocorrido no teatro do Sesc Boa Vista, na quinta-feira passada, onde jornalistas gestores culturais locais colocaram na mesa suas impressões e opiniões sobre Comunicação e Cultura na era digital. O autor deste blog participou do debate, que também contou com a lenda e figuraça Sandro Corrêa, jornalista rocker de Manaus já com anos de atuação na área musical e cultural, e que é conhecido como o “Tony Wilson” da Amazônia.


E no final de semana o rock rolou no ginásio do Sesc local, claro. Em uma cidade já quente por natureza o ano todo a temperatura subiu ainda mais dentro do ginásio, com o público sempre se mostrando total receptivo ao que rolava no palco, em um line up dominado nas duas noites por bandas locais e de Manaus (com exceção dos headliners Dr. Sin, de São Paulo, que encerraria a primeira noite, mas tocou antes por questões de agenda apertada; e For Fun, do Rio De Janeiro, que fechou o festival já na madrugada de domingo).


Destas, na sexta, o repórter infelizmente perdeu as apresentações das duas primeiras (já que Zap’n’roll foi “esquecido” no hotel pela van que transportava jornalistas, rsrs. Um problema menor, plenamente desculpável e que pode ocorrer mesmo em um festival onde há zilhões de tarefas sendo executadas pela equipe de produção ao mesmo tempo. Enfim, o blog acabou indo de táxi para o ginásio e conseguiu acompanhar na boa o restante das gigs da noite), Nicontines e Johnnny Manero. A primeira, liderada pelo jornalista manauense Sandro Nine, faz do indie/grunge guitar dos 90’ sua razão de existir. E a Johnny, já um dos grandes nomes do rock de Boa Vista, prefere trafegar (com competência e elegância) pelo classic rock setentista.


Ainda na primeira noite, a Garden mostrou bom apelo pop oitentista (relembrando algo de rock melancólico à lá pós-punk inglês e Legião Urbana), Iekuana mostrou seu já consagrado talento local para fazer um interessantíssimo sincretismo entre levadas rockers e ritmos locais, e o Nekrost fechou tudo com doses concentradas de porrada metal. Antes das duas o veterano Dr. Sin (que seria o headliner mas como tinha horário de vôo marcado para voltar a Sampa, onde faria show no dia seguinte, o que provocou o “adiantamento” da apresentação do trio) mostrou que continua mandando um eficiente hard/classic rock ao vivo e em disco, mesmo já tendo duas décadas de existência. Não é à toa que os irmãos Buzic formam uma das melhores seções rítmicas de todo o rock brasileiro.


A Jamrock, mostrando no palco o reggae tipo exportação de Roraima
A Orquestra Camarones, de Natal: guitarras em fúria
Arthur De Jesus: hip hop e rap marcando presença no Tomarrock


O sábado foi muuuuuito interessante, do ponto de vista estilístico. Houve desde o rap/hip hop de Arthur De Jesus (com rimas ainda simples mas bem encadeadas na base instrumental) até o escroto e já decadente emocore do carioca ForFun – leia-se For Shit. Entre um e outro, houve espaço para a boa presença instrumental e de palco da turma do AltF4, para a porrada sonora dos moleques do Ostin, e para o bom rock do Hopes. Mas sem dúvida alguma os dois mega destaques do sabadão – e que foram talvez os responsáveis pelos dois melhores shows de todo o Tomarrock – foram a Camarones Orquestra Guitarrística e a Jamrock.


A Camarones é o que o nome diz: uma orquestra de guitarras (mas meio que liderada pela baixista Ana Morena), sem vocais, fundada em Natal (capital do Rio Grande do Norte) e que já se tornou banda Cult no circuito indie nacional, graças à avassaladora potência de suas canções com melodias aceleradas e incendiárias. Já a roraimense Jamrock, apesar do nome, é um combo de… reggae. Yep, o ritmo jamaicano que (quase) todo brasileiro ama. Pois a Jamrock está em ponto de bala: fez uma apresentação com direito a naipe de sopros, e com uma pista quase cheia do ginásio cantando as músicas do grupo em coro. Longe de trazer alguma novidade ao gênero, o que a Jamrock faz é reggae pop de alta qualidade (com ótimas levadas melódicas, arranjos caprichados e uma vocalista que é um tesão pós- adolescente) e com total apelo radiofônico e comercial. Com todo o respeito à Boa Vista, é uma banda boa demais para permanecer na cidade. Precisa descer correndo pro Sudeste e botar a mina de ouro pra funcionar.


Foi isso. O Tomarrock, em sua quarta edição, mostrou que a nova música independente brasileira possui qualidade e garra. E não possui fronteiras: ela está tanto aqui, em São Paulo (às vezes, nem está aqui) quanto em Roraima. Sorte de nós, fãs eternos do rock e do pop de qualidade.


* O jornalista Humberto Finatti viajou a Boa Vista (Roraima) a convite da produção do festival Tomarrock.


E NO CALOR ROCKER DE BOA VISTA…


* A viagem de busão aéreo até Roraima é muito cansativa. Conexão em Brasília, escala em Manaus e um total de quase oito horas de viagem – isso mesmo, mais duas horas e chega-se em Miami, daí dá pra se ter uma idéia do tamanho desse país.


 * Pra piorar: calor. E pra piorar um pouco mais, saída de Congonhas às sete da matina. O zapper sempre atrasão e dorminhoco preferiu nem dormir de madrugada (óbvio), com medo de perder o vôo. E mesmo assim chegou em cima da hora no aerorporto. Quando embarcou, finalmente, o sol já estava forte. E se você acha que Sampalândia está um calor dos demônios nestes dias finais de 2011, é porque não conhece Boa Vista. Lá é assim: 35 graus todos os dias, o ano todo. Quando você sai do conforto do ar-condicionado do quarto do hotel em que está hospedado, dá de cara com um bafo quente ainda no corredor do lugar. Parece que estamos entrando numa sauna. Na rua então, com o sol rachando as cabeças, é pior ainda. Mas enfim, tudo pelo rock’n’roll.


 * A viagem desta vez ao menos foi minimamente mais agradável porque a produção do Tomarrock embarcou o sujeito num vôo da Tam. Todo mundo que viaja de avião no Brasil sabe que tanto Tam quanto Gol são de uma porqueira e uma cafajestice a toda prova no atendimento e conforto dos passageiros. Mas, voilá: pelo menos a Tam ainda tem o bom senso de servir brejas a bordo. Com o calorão mandando ver em Brasília, Zap’n’roll não teve dúvidas: começou a tomar latinhas e latinhas no avião assim que ele decolou da capital federal. E o melhor da parada: havia Heinekens a bordo. Quando chegou em Manaus, o jornalista ébrio já estava beeeeem “mamadão”. Só faltou, pra completar… rsrs. Foi aí que o zapper mais uma vez foi tomado por lembranças. Recuerdos das zilhões de vezes em que ele cansou de cometer “maldades nasais” (tal qual uma versão jornalística de Pete Doherty) em pleno vôo, no banheiro do avião, hihi. Em uma dessas ocasiões, o resultado da “maldade” foi total bizarro. O blog estava a caminho de um festival no Acre, se não nos falha a memória. Assim que o avião saiu de Brasília o gonzo loker, já sedento por um “teco” de padê, literalmente voou pro banheiro. Lá esticou caprichosamente uma autêntica “taturana”, em cima do aço escovado que margeia a pia. E mandou ver. Voltou pro seu assento e em dois minutos a bicudisse mega tomou conta do cérebro do jornalista. Foi insano: o vôo era noturno e estava chovendo. E enquanto todo o restante dos passageiros estava tranqüilo e nem aí em seus assentos, o autor destas linhas online, já completamente neurado, viu a luz prateada da asa do avião piscando intermitentemente (o que é normal), e pensou: “essa merda vai cair!!!”. Bien, o avião não caiu, rsrs. Tanto que o blog está aqui, relembrando a parada, hehe.


* Ao chegar em Boa Vista, bêbado e morto de sono (quem consegue dormir em um vôo doméstico no Brasil?), Zap’n’roll dispensou o almoço oferecido pela produção do festival e foi direto pro hotel, pra dormir ao menos um pouco, já que à noite o blog iria participar de um debate no Sesc local, sobre mídias digitais nos anos 2000. E à noite, após o debate, preferiu novamente voltar pro hotel e dormir. Foi brindado pelo querido Manoel (produtor-chefe do Tomarrock) com pizza e duas garrafinhas de Stella (tão boa quanto a Heineken, no?), entregues no hotel. Tratamento vip é isso aí, rsrs.


* Sextona, primeira noite do festival. Shows bacanas e tal e breja liberada (já que a marca que estava sendo vendida no ginásio do Sesc era uma das patrocinadoras do evento) para músicos e jornalistas. Zap’n’roll deitou e rolou. Ao final dos shows, já bastante envolto em brumas intensas de álcool, não se conteve e pediu ao querido casal Isah Rock (uma das jornalistas mais lindas, rockers e legais de Boa Vista, além de amiga master do blogger maloker) e Zé Victor (o simpático boyfriend da garota), que deixassem o autor deste blog em algum lugar onde ele pudesse caçar “aditivos” extras. O pedido do blogueiro já total sem noção, foi atendido. Ele voltou para o hotel no outro dia, duas da tarde, rsrs.


 * Existe um lugar literalmente infernal em Boa Vista. E ele se chama Beiral. Só isso. Nem Amy Winehouse ou Pete Doherty agüentariam passar algumas horas ali…


* Quase total destruído e morto mas ainda vivo, o zapper conseguiu tomar um mega banho, se recompor e ir pra segunda e derradeira noite do Tomarrock. Que foi tão bacana quanto a primeira. Ainda mais que Zap’n’roll finalmente se encontrou com ela!!! Aquela delícia tatuada e mega peituda, com óculos na cara e total jeito de perva, chamada Camila Costta. Também jornalista em Boa Vista (a cidade é pródiga em ter jornalistas gostosas, tesudas, lindas, loucas e safadas, hihi) e também dileta amiga destas linhas virtuais, Camila é a tentação do demônio em pessoa. E o zapper sempre, hã, ultra fã de jornalistas lindas, cultas, inteligentes e malucas, teve que se comportar pois afinal agora ele é um respeitável “senhor” comprometido em Sampa, uia!


* Papos bacanas como Camila sobre tudo (cultura, jornalismo, existência humana, loucuras zappers etc, etc, etc). Até que o autor deste espaço online pediu licença à garota pois queria ir no camarim das bandas, pra tomar um refri bem gelado (ah, sim: na última noite do festival o rapaz que digita este blog foi um modelo de comportamento: ficou apenas no refrifgerante e sandubinhas, pois o estrago alcoólico e químico da noite anterior havia sido cruel) e “beliscar” algo pra comer. A credencial que Zap’n’roll tinha permitia o acesso aos camarins, sem problema, tanto que o blog cansou de circular por lá na primeira noite do evento. Mas eis que, naquele momento, a atração principal da última noite havia acabado de chegar aos camarins. Era o grupelho emo carioca já total decadente For Fun – leia-se For Shit, mas que sim, ainda é uma atração bacana para se levar até um festival em uma região distante do país. Enfim, nada contra o For Shit mas os seguranças vieram peitar o jornalista loker: “agora não pode entrar, porque a banda pediu pra restringir o acesso e bla bla blá”. Zap’n’roll ameaçou perder a paciência, mas preferiu levar um lero com uma das coordenadoras da produção, a fofa e simpática Priscila. E explicou pra ela: “não fique brava comigo, mas estou cagando pro For Bosta. Só vou entrar pra tomar um refri e comer algo e depois já volto lá pra cima”. Ela, algo sem graça, consentiu. Ora, afinal o que uma banda estúpida e mala como essa pensa que é, quando vai tocar em uma cidade bacana porém modesta como Boa Vista? Pensa que é o Guns N’Roses chegando ao Rock In Rio? Daqui destas linhas online, nosso singelo recado ao For Fun: vão tomar no cu!


* Bizarrice da última noite do Tomarrock: enquanto o For Shit desfiava suas maletices emo no palco, os jornalistas (e agora irmãos de fé) Sandro Nine e Finas discorriam, em pleno calor do extremo Norte brazuca, sobre… a deusa inglesa PJ Harvey, musa de ambos. Uia!


* Daqui o blog manda mais uma vez seu agradecimento a todos os amigos e à turma bacana que ele conheceu em Boa Vista e que nos tratou com super carinho e atenção. Valeu Manoel Villas-Boas, Priscilla, Camila Costta, Cyneida, banda Nicotines, pessoal do Altf4, Isah Rock, Zé Victor, Raísa etc, etc. Um abração mega pra todos vocês e votos de Feliz Natal e super entrada em 2012!  


Texto postado originalmente em: http://www.zapnroll.com.br/

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